segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mini-Festo.

Deleuze, filósofo francês contemporâneo, aborda a problemática da escrita de maneira revigorante, pois não encerra a escrita num compêndio de literatura e nem mesmo pretende elaborar uma crítica universal a respeito do ato de escrivinhar. Escrever, segundo o autor, é um processo que só é permitido por meio do devir. No entanto, o devir não é criado do nada, mas através de necessidades concretas. Escrever é tornar-se algo por extrema necessidade, o que não significa tornar-se escritor, mas outra coisa.
Escrever não é iludir-se e nem mesmo fantasiar, escrever é experimentar. Existe um elo fortíssimo entre a produção textual e a experimentação. Experimentar é celebrar nossos sentidos e não os sonhos platônicos. Sartre, por exemplo, quando formulou sua teoria sobre a escrita, particularmente a literatura, defendeu que escrever é engajar-se. Mas para que este processo seja possível dentro de um texto literário, foi porque existiu a necessidade de definir a literatura deste modo (final da segunda guerra mundial, o comunismo e etc). Entretanto para que o engajamento realmente surgisse nos textos foi necessário um devir-revolucionário, o engajamento não estava pronto e formulado, precisava ser criado à medida que o texto era escrito, e para que a escrita fosse possível era necessária a experimentação de uma Paris invadida pelos alemães. Assim surge “A peste” de Albert Camus e “O muro”, entre outros. Portanto a experimentação se faz necessária para a produção literária.
A pretensão inicial deste blog consiste numa tentativa de “experimentar” e não fantasiar, problematizar e não formar opinião, a necessidade de mudança e não mais a de definições pré-fabricadas. A tentativa principal é captar algum devir para modificar algo, trata-se de pensar “com” e não “sobre”, pensar com a filosofia, ou seja, criticamente e conceitualmente.

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