domingo, 14 de fevereiro de 2010

Pequeno bilhete líquido.

Nosso meio é líquido e nossos encontros úmidos. Entrecruzamentos de água-doce com água-salgada, pororoca; mistura de corpos, meios, fluxos, correntezas mais marés, correntes fluviais mais águas oceânicas; sentido. Devir duplo no outro: meio doce e/ou meio salgado? É água, liquidez dum habitat entre-meio, o espaço-aquário de nossos instantes.
O corpo sente e demonstra molhadamente; são mãos suadas e escorregadias, é o café que caí. Boca seca, língua morna e os olhos transbordantes, ora marejados e muitas vezes, apenas olhos de ressaca. Fluídos íntimos em plena vazão. Encanamento de beijos alcoólicos e corpos embebidos, harmônica de sizígia. É torrente de amor que surge com vidro d’água compartilhado. Ensopado, encharcado, molhado, empapado, embriagado, inundado, alagado nosso Dô. Caminho líquido fluindo para o dojo de vertentes, Tales o grande peixe. E você a gravidade que revolta meus fluídos. Entre nós, existe apenas a água que nos mistura.

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